UM POUCO MAIS SOBRE MIM

ESCREVO SOBRE O QUE SINTO E PENSO, DESDE SEMPRE.
Tenho uma alma livre e entusiasmada. E um coração cheio de fé. Nasci assim. Mas demorei vários anos para entender que essa essência deveria estar em tudo o que faço e sou.
Filha de um médico e ativista dos direitos humanos e de uma eterna cuidadora, aprendi desde cedo a importância de deixar o mundo melhor do que o encontrei. Considero-me a filha do meio: tenho uma irmã mais velha e um irmão gémeo que acabou por não se desenvolver na gestação.
Cresci a ouvir dizer que era tímida, introvertida, calada demais...Acontece que aquilo que comummente chamamos de «personalidade» resulta não tanto de uma combinação fixa e imutável de características e competências pessoais, mas muito mais de um conjunto de mecanismos de sobrevivência que se foram fixando ao longo da vida.
A verdade é que a minha história não é marcada por uma grande tragédia ou um evento traumático excecional. Tive uma infância apelidada de ‘normal’ e talvez por isso tenha aprendido a ignorar uma história cheia de pequenas feridas.
Hoje, sei que aquela não era uma simples expressão de timidez ou introversão. Era trauma.
Alguns dos nossos traumas de infância são simplesmente esquecidos, outros ignorados e outros são (infelizmente) normalizados. Só que apesar de muitas dessas fendas, aparentemente inofensivas, não terem a capacidade de nos quebrar de imediato, acabam por ir sufocando, lentamente, a nossa potência e autenticidade.
Mesmo que tenhas tido «uma infância normal», «bons pais» ou que o mundo esteja cheio de acontecimentos terríveis bem piores do que aqueles que viveste...
muitos dos teus frequentes sentimentos de inadequação, bloqueio ou incompletude podem, afinal, ter origem num trauma.
Também eu vivi equivocada sobre o que realmente nos pode traumatizar (além de ter acreditado por demasiado tempo que, se não me lembrava, é porque nada tinha acontecido!). Por demasiados anos, julguei e escondi a minha própria humanidade, com medo que ela me ferisse ou me sentisse humilhada sendo como era (Meu Deus, como eu tinha medo da rejeição...) Hoje, sei que não era a única. O mundo ensinou-nos a reprimir as nossas emoções e a esconder a nossa vulnerabilidade, como forma de sobrevivência.
Quando completei os meus 18 anos, tive o meu primeiro grande 'despertar': decidi ir viver sozinha para Itália, em busca de me encontrar. Aquilo que descobri em Itália não foi quem eu era, mas quem eu não era…nem precisava ser.
Ao longo do meu próprio processo percebi que:
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O trauma é, em muitos casos, a possível explicação para as reações automáticas e desproporcionais que vivemos na vida adulta.
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O que precisamos não é apenas encontrar forma de nos sentirmos melhor, mas tornarmo-nos melhores a sentir.
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À medida que recuperamos a nossa capacidade de sentir, o nosso corpo recupera a capacidade de viver.

Como especialista em trauma, saúde mental e inteligência emocional
ajudo pessoas e grupos a acolherem as dores de infância, a reconstruirem a sua autoestima e viverem uma vida adulta muito mais segura, madura e livre.
Não conheço a tua história, mas quero dizer-te que é suficiente que
percebas que algo não está bem, mesmo que não saibas exatamente o quê,
nem porquê. Não estás louco nem sozinho nesse lugar. A verdade é que
muita gente sente exatamente o mesmo. E é precisamente por isso que nos
últimos anos da minha vida profissional me tenho dedicado à missão, definitivamente
ambiciosa, de contribuir para uma sociedade cada vez mais
consciencializada sobre trauma e, portanto, cada vez mais capacitada para
a sua reconstrução emocional.

APRESENTAÇÃO PROFISSIONAL
Com mais de 400 horas de especialização avançada em Saúde Mental, Inteligência Emocional e Terapias de Terceira Geração, conta ainda com diversas formações de aprofundamento em Psicotraumatologia, Teoria Polivagal, Experiência Somática, Neurobiologia do Vínculo e Mindfulness.
Foi das primeiras mulheres em Portugal a falar, com autoridade nas redes sociais, de pequenos traumas associados aos processos de reconstrução da autoestima, maturidade e bem estar emocional.
Medita desde os 18 anos, é autora e desde 2016 que partilha gratuitamente material educacional através das suas redes sociais, inspirando milhares de pessoas a atravessarem a dor com amor e a descobrirem no caminho a sua própria força pessoal.

10 COISAS ALEATÓRIAS SOBRE MIM:
1. Nasci no Porto e apesar de viver em Lisboa há vários anos, conservo orgulhosamente o meu sotaque.
2. Aos 18 anos fui viver para Itália, tornei-me vegetariana e comecei a meditar.
3. Entre a minha infância e adolescência, fui solista num coro, toquei violino e guitarra elétrica.
4. Também trabalhei alguns anos no universo dos eventos e espetáculos, acreditando, ainda hoje, que a arte e a cultura nos colocam em contacto com as nossas emoções e nos ajudam a dar significado à vida.
5. Acredito que a empatia e o afeto têm o poder de curar os nossos buracos emocionais e de nos reconciliar com a nossa humanidade.
6. Quando não estou a trabalhar, encontras-me provavelmente num jardim com os meus cães, a organizar a minha casa, a pintar, a estudar...ou, claro, a escrever.
7. Quando gosto muito de uma música, não a deixo chegar ao fim: a faixa ainda vai a meio e tenho de a colocar de novo do início (vezes e vezes sem conta...).
8. Sou da tribo do sol, do pé descalço e do riso (muito) fácil.
9. Sou introvertida por natureza.
10. O mantra do meu trabalho é: "Saúde Emocional não é sobre curar o teu Sentir, mas sobre Sentir ser a cura".